Já ouviu falar do Livro ” A Cabana”?
Pois é, recebi
uma análise bem interessante do livro de alguém que leu e percebeu muita
coisa contraria à fé católica.Como esse livro tem
sido muito comentado e muita gente boa tem lido,estamos publicando a análise
para nos ajudar a:
- Perceber nas
entrelinhas do livro,ou em outros que venhamos a ler,a ideologia de esvaziamento de pontos essenciais de
nossa fé católica;
- Ajudar-nos a
perceber nossa
atitude diante daquilo que lemos, principalmente em obras de cunho religioso ou
“auto ajuda”, que adentram na dimensão espiritual/espiritualista que interessam
a nós católicos;
- Ajudar-nos a despertar
o senso critico – não neurótico, mas atento – para filtrar à luz de nossa fé aquilo que
vale a pena ler ou não. A oferta hoje é tamanha que exige de nós critérios para
não perder tempo,nem dinheiro, com aquilo que nada acrescenta de consistente à
nossa fé ou a nossa vida;
Ás vezes
impressiona a Incapacidade que muitos tem de não perceber, dentro daquilo que estão
lendo, onde tem verdade ou não.Alguns não conseguem ver nada errado onde
qualquer olhar mais atento percebe tudo!
Estará em cor
o diálogo de análise e questionamento com algumas colocações feitas no livro.
A proposta não
é analisar todo o livro mas apenas algumas partes na esperança que possa
despertar naqueles que ainda vão ler,se tiverem “estômago”, uma nova percepção
e naqueles que já leram uma confirmação daquilo que provavelmente haviam
percebido.
Desnecessário
se faz dizer que a análise foi feita a partir da fé católica, o que poderá
tornar algumas colocações não muito claras para quem não está razoavelmente por
dentro da doutrina básica de nossa fé.
De qualquer
forma ,é bem interessante..
Pelo
tamanho,iremos postar aos poucos..
***
” A cabana”- análise do livro sob ótica católica.
O livro é
muito bem escrito e atraente no seu enredo simples, no assunto e no estilo. A
linguagem, porém, com algumas citações bíblicas feitas de formas indiretas,
traz uma profusão de sofismas capaz de iludir o leitor menos atento. (lembro
que a “metodologia” do sofisma, muito utilizado na filosofia grega antiga,
consiste em tomar uma verdade ou duas verdades e combiná-la com uma ou mais
inverdade de formas que tudo pareça verdadeiro ou que tudo pareça falso, de
acordo com o objetivo de quem sofisma). O livro traz em seu próprio enredo
incoerências entre a trama e o que é dito pelas “pessoas” da “trindade”.
a editora do
mesmo (e isso é muito importante ao comprar ou ler um livro dedica-se a livros
de auto-ajuda ou assuntos não comprovados nem pelo próprio livro nem pela
ciência, teologia e, por vezes, o bom-senso). É bastante ler a lista dos seus
“clássicos”, na ultima página do livro. A exceção é O Monge e o
Executivo.
O livro conta
a história de um homem que, em um acampamento nas montanhas com os filhos tem
sua caçula sequestrada e morta enquanto está sob a água, tentando salvar um
outro filho, que se afogava sob um bote. Após quatro anos de tristeza e
desilusão, recebe uma carta de Deus, que se apresenta como Papai convidando-o a
voltar à cabana onde o crime contra sua filha havia sido cometido. Relutante,
aceitou.
Até aqui, nada
anormal. A ficção, afinal, dá direito a todo tipo de imaginação. O inadequado
começa quando este homem, Mack, encontra a “trindade” na cabana.
Naturalmente, como autor, Young goza o direito de utilizar sua imaginação, sua
bela linguagem, suas descrições do Pai como uma senhora negra que cozinha, o
Filho como um judeu cujo nariz enorme o deixa feio e o Espírito como uma moça
asiática feita de luz.
Ele tem o
direito, sim, de imaginar a trindade como um autor leigo ignorante da boa
teologia e eclesiologia e influenciado pela Nova Era, pelo Espiritismo e pelo
Relativismo. Nós
é que temos o dever de distinguir o que é bom do que não é. A narrativa
é tão envolvente, que os deslizes de Young quanto à fé, a eclesiologia e a
moral podem passar desapercebidos para a pessoa mais bem formada. Vejamos alguns:
I. O PAI
O Papai é apresentado como
uma mulher (Young parece decidido a quebrar todos os paradigmas) e chamado de
papai durante todo o livro, tanto pelo Filho e pelo Espírito, quanto por Mack.
Sabemos que João Paulo II afirma que Deus é Pai e Mãe quanto ao cuidado, ao
coração misericordioso, as entranhas de misericórdia, tão típicas de uma mãe.
Entretanto, o Deus que Jesus nos veio revelar é o Deus que é Pai, ainda que
afirme em Mt 5 que Ele tem entranhas de mãe. A justificativa do “pai” para apresentar-se
como mulher é o fato de Mack ter rejeição ao seu pai biológico (p. 83). Esta
mulher, entretanto, não é mãe, mas pai. Seus afazeres são, segundo ela mesma,
de cozinheira e governanta. Este
pai mulher traz as cicatrizes de Jesus, como se o Pai não fosse puro espírito,
mas tivesse um corpo de homem, isso é, de mulher.
Em um esforço
de fazer “deus mais perto de nós”, o autor acaba por esbarrar no grotesco. Além
da descrição do Pai como uma enorme negra que se auto-intitula
governanta-cozinheira e traz cicatrizes no corpo (???), destacam-se algumas
situações especiais. Perguntado por Mack sobre que música estava ouvindo,
respondeu:
” Um barato da Costa Oeste. É um disco que ainda nem foi lançado, chamado Viagens do Coração, tocado por uma banda chamada Diatribe . Na verdade – ela piscou para
Mack – esses garotos ainda nem nasceram.
- É mesmo,
reagiu Mack bastante incrédulo. – Um barato da Costa Oeste, hein? Não parece
muito religioso.
- Ah,
acredite: não é. É mais tipo funk e blues eurasiano com uma mensagem
fantástica. – Ela veio bamboleando na direção de Mack, como se estivesse
dançando, e bateu palmas. Mack recuou. (!!!)
- Então Deus
ouve funk?
- Ora, veja
bem, Mackenzie. Você não precisa ficar me rotulando. Eu ouço tudo e não somente
a musica propriamente dita, mas os corações que estão por trás delas.”(p. 81) ( os rótulos são especialmente detestados na
nova era e no relativismo)
O “pai” dá uma
explicação completamente esdrúxula para ter-se revelado como pai e não como
mãe:
“…assim que a
Criação se degradou, nós soubemos que a verdadeira paternidade faria muito mais
falta do que a maternidade. Não me entenda mal, as duas coisas são necessárias,
mas é essencial uma ênfase na paternidade por causa da enormidade das
conseqüências da função paterna”(p. 84).Creio que tal absurdo dispensa comentários. O autor não leva em conta o
que a Bíblia e a Igreja dizem da missão do homem, do pai, da mulher e do homem
na criação, na família, na sociedade. Aliás, esta é uma das características do
livro. Não lhe importa o que diz a Palavra ou a Igreja e esta, como todas as
instituições, são desprezíveis aos olhos da “trindade”, que orienta Mack a
desprezá-las.
Ao definir o
que Ele é, desautoriza o que os homens pensam e definem dele (embora não cite
diretamente a Igreja e os teólogos, fica implícito pelas palavras que usa). No
final, felizmente diz que é “acima e além de tudo o que você possa perguntar ou
pensar.”(p. 88)
Na página 89, o pai faz uma
afirmação capaz de fazer tremer os céus: “Quando nós três penetramos na
existência humana sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos. Também optamos por abraçar
todas as limitações que isso implicava. Mesmo que tenhamos estado sempre
presentes nesse universo criado, então nos tornamos carne e sangue. Seria como
se este pássaro, cuja natureza é voar, optasse somente por andar e permanecer
no chão. Ele não deixa de ser pássaro, mas isso altera significativamente sua
experiência de vida.” E continua a confusão teológica sobre 3 Pessoas em um só
Deus dizendo: “Ainda que por natureza Jesus seja totalmente Deus, ele é
totalmente humano e vive
como tal (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!) Ainda que jamais
tenha perdido sua capacidade inata de voar, ele opta, momento a momento, por
ficar no chão. Por isso (!!!!!!) seu nome é Emanuel, Deus conosco, ou Deus com
vocês, para ser mais exata.” De
uma tacada só, além de destruir o dogma da Santíssima Trindade, (somente o
Filho se faz homem e, embora as outras duas pessoas estejam com ele e nele, não
se pode dizer que os três se fizeram homem) atinge a união hipostática e a
profecia de Isaías. A impressão que dá é que o autor “ouviu o galo cantar, mas
não sabe onde”. Por mais que se queira justificar tais afirmações com o fato da
intenção do autor não ser teológica, ele insiste, como outros autores de livros
metade cristãos-metade autoajuda, em colocar o Evangelho, a Palavra e a Igreja
a serviço de sua idéia e objetivo e não o contrário.
Depois,
infelizmente, vem algo ainda pior, que fazemos questão de transcrever:
“- Mas, e
todos os milagres? As curas? Ressuscitar os mortos? Isso não prova que Jesus
era Deus… você sabe, mais que humano?
- Não, isso
prova que Jesus é realmente humano.
- O que?
- Mackenzie, eu posso voar, mas os humanos, não. Jesus é totalmente humano. Apesar de
ele ser também totalmente Deus, nunca aproveitou sua
natureza divina para fazer nada. Apenas viver seu relacionamento comigo do modo
como eu desejo que cada ser humano viva. Ele foi simplesmente o primeiro a
levar isso até as últimas instâncias: o primeiro a colocar minha vida dentro dele (??) o
primeiro a acreditar (??) no meu amor e
na minha bondade, sem considerar aparências nem conseqüências. (Tal comentário, além de dizer que Jesus
precisava da virtude TEOLOGAL da fé, deixa de fora todos os profetas, todos os
patriarcas, João Batista, José e Maria. Desclassifica tudo o que Jesus fez, não
somente os milagres, mas o milagre maior do amor de total entrega na Cruz e na
Eucaristia).
- E quando
curava os cegos?
- Fez isso
como um ser humano dependente e limitado que confia na minha vida e no meu
poder de trabalhar com ele e através dele. Jesus, como ser humano, não tinha
poder para curar ninguém.” (p. 90). Este é mais um golpe inacreditável na união hipostática, mas consegue
piorar no parágrafo seguinte:
“- Só quando
ele repousava em seu relacionamento comigo e em nossa comunhão, nossa
comum-união, ele se tornava capaz de expressar meu coração e minha vontade em
qualquer circunstância determinada. Assim, quando você olha para Jesus e parece
que ele está voando, na verdade ele está… voando. Mas o que você realmente esta
vendo sou eu, minha vida nele. É assim que ele
vive e age como um verdadeiro ser humano, como cada humano
está destinado a viver: a partir de minha vida“(p. 90). Este é um dos sofismas mais disfarçados e
sutis do livro, o que torna a afirmação aparentemente verdadeira para os mais
distraídos, mas totalmente absurda para alguém mais atento: uma verdade – cada
ser humano é chamado (não destinado!) e várias inverdades, a partir da primeira
linha (então quer dizer que Jesus ora “repousava em seu relacionamento com Deus
e Sua vontade, ora não??? Este raciocínio mentiroso é coroado com uma ultima
inverdade: Jesus vive e age como verdadeiro ser humano. NÃO É ISSO o que Jesus
quis dizer quando afirma que faz o que vê o Pai fazer, que aprendeu tudo do
Pai, que Ele e o Pai são um! Jesus É totalmente homem e totalmente Deus e é um
com o Pai, gerado, não criado, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de
Deus Verdadeiro.
Em um dado
momento, o mesmo Pai, que nos pede para não chamar o irmão de “Racca”, sob pena
do fogo do inferno (Mt 5), diz:
“- Homens!
algumas vezes são tão idiotas!”
Ele não podia
acreditar.
_ Ouvi Deus me
chamar de idiota? – gritou pela porta de tela.
Viu-a (”ela” é
Deus) dar de ombros antes de desaparecer na virada do corredor. Depois ela (o
“pai”) gritou em sua direção:
- Se a
carapuça serve, querido. Sim, senhor, se a carapuça serve…”
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