Há aquela frase de efeito que diz
que a inteligência humana tem limites, mas a estupidez não. Hoje eu pensei
nela, obviamente mais como recurso retórico do que como proposição teológica,
aplicada ao binômio santidade x pecado. Parece que há um limite para até onde o
homem é capaz de subir; mas, para descer, desgraçadamente sempre encontra um
buraco mais fundo onde se enfurnar. Isso porque, diferentemente do pecado, Deus
não violenta a vontade humana: se ao homem que se esforça por se tornar melhor
há sempre a concupsciência puxando-o para baixo, para aquele que dá as costas
ao Altíssimo e afunda cada vez mais na podridão do pecado não existe nenhuma
mão divina puxando-o para fora do pântano. Estendida em direção a ele, sim,
sempre; arrastando-o contra a sua vontade, jamais.
Sempre me pareceu bastante óbvio
que estimular e incentivar o homossexualismo fatalmente o levaria a se
manifestar socialmente sob formas cada vez mais degeneradas. Porque, como se
diz em boa teologia moral católica, abismo atrai abismo: o pecado clama por
outro pecado ainda maior, e este por outro, e mais outro ainda, e esta cadeia
só é encerrada quando o pecador, por misericórdia divina, cai em si e, com a
graça de Deus, empreende um esforço lancinante para pôr fim ao redemoinho
vicioso em cujo vórtice se encontra cativo. Como é bastante óbvio, uma pessoa
que se encontra nessa situação lastimável merece toda a nossa solidariedade e
todo o nosso auxílio para dar um basta ao drama que está desempenhando; quando,
ao contrário, nós fingimos que isso é muito bonito e aplaudimos entusiasmados
uma alma angustiada que sofre violentando diuturnamente a sua natureza,
tornamo-nos réus da sua tragédia.
Não nos enganemos: seremos
cobrados pelo triste fim de tantas pessoas que nós incentivamos a embarcar
nesta canoa furada da violência contra a própria natureza à qual os homens dos
dias de hoje gostam de tecer tantos elogios. Como se um barco furado fosse uma
coisa positiva por quebrar os paradigmas anacrônicos da integridade dos cascos
náuticos e por se constituir num grito de liberdade contra o imperialismo dos
grandes transatlânticos e o eurocentrismo das caravelas que macularam a pureza
das Américas transportando homens brancos para cá: chavões à parte, somos
pessoalmente responsáveis por cada pessoa que, com nossa ação ou omissão,
induzirmos a navegar neste esquife macabro.
Há uma forma bastante fácil de se
comprovar empiricamente o quanto o homossexualismo é desordenado: basta dar-lhe
livre curso social e observar se ele vai tender a algum equilíbrio ou se, ao
contrário, vai polarizar-se em extremos cada vez mais ridículos. Infelizmente,
nós já estamos em condições de conhecer os resultados desta experiência: este artigo do
New York Times (traduzido na Folha) nos dá o triste e desolador
retrato do nonsense ao qual conduz a exaltação da cultura gay.
Espalhadas ao longo de um confuso e angustiante texto (onde ao leitor é
propositalmente nebuloso saber, por exemplo, se as pessoas citadas são homens
ou mulheres) estão inúmeras pérolas da intelectualidade e dos bons costumes
contemporâneos.
Conforme o texto, há uma nova
geração para a qual o simples direito de relacionar-se sexualmente com pessoas
do mesmo sexo já não é mais o bastante. Reclamam a multiplicação das definições
sexuais (ou “comportamentais”, “existenciais” ou seja lá como chamem isso), até
o ponto de transformar a simples auto-definição das pessoas em uma atividade
excruciante e enlouquecedora:
Se o movimento gay hoje parece ter
como foco o casamento gay, a geração de Stephen busca algo mais radical: virar
de ponta-cabeça os papéis e superar o binômio macho/fêmea.
Com a profusão de novas
categorias, como “genderqueer” ["gênero bicha"] ou “andrógino”, cada
uma dotada de uma subcultura on-line, montar uma identidade de gênero pode ser
um verdadeiro trabalho do tipo “faça você mesmo”.
Trata-se de uma geração que tem
profundos e nobres anseios, entre os quais se destaca a fixação fetichista em
modernos utensílios descartáveis voltados à obtenção de prazer interpessoal
igualmente descartável:
Em novembro, cerca de 40 alunos
lotaram o Centro LGBT para o evento inaugural do grupo. O microfone estava
aberto a todos. Os organizadores panfletaram convites oferecendo “camisinha de
graça! Protetor labial de graça!”.
O profundo equilíbrio desses
jovens encontra sua máxima representação num rapaz (?) que é incapaz de
diferenciar um órgão sexual de um cinto de penetração e numa garota (?) que acha reconfortante mente normal enxergar a própria sexualidade como uma mancha
amorfa:
Britt explicou que ser bigênero é
manifestar tanto a persona masculina quanto a feminina, quase como ter um
“pênis que possa ser colocado e tirado”.
No colégio, Kate se identificava
como “ a gênero” (sem gênero) e usava o pronome “eles” (“they”, que é neutro em
inglês); agora ela vê seu gênero como “uma mancha amorfa”.
As Universidades americanas,
isentas de todo interesse pecuniário demagógico e motivadas somente por um
profundo e angélico desejo de atender aos anseios legítimos desta comunidade,
competem entre si para mostrar quem é a mais moderna e receptiva:
A Universidade do Missouri, em
Kansas City, tem seu Centro de Recursos LGBTQIA que, entre outras coisas, ajuda
os alunos a localizar banheiros “de gênero neutro” no campus.
O plano de saúde da faculdade
[Universidade da Pensilvânia] inclui cirurgia de mudança de sexo.
A universidade [da Pensilvânia] já
tinha duas dúzias de grupos de gays, incluindo o Negros Gays, a Aliança Lambda
e o J-Bagel, a “comunidade judaica LGBTQIA”.
Segundo pesquisa do grupo Campus
Pride, ao menos 203 campi permitem que alunos transgêneros dividam o quarto com
colegas do gênero de sua preferência; 49 têm um processo de mudança de nome e
gênero nos registros da universidade, e 57 cobrem terapia hormonal.
E, por fim, estas pessoas estão
valentemente em luta contra a derradeira exclusão: a da sigla que as define,
ainda insuficientemente vasta para abarcar toda a diversidade do alfabeto:
Parte da solução é acrescentar
letras à sigla, e a bandeira dos direitos pós-pós-pós-gays tem ficado mais
longa -ou frouxa, para alguns.
O Amherst College tem um Centro
LGBTQQIAA, no qual cada grupo ganha sua própria letra.
“Por que só determinadas letras
entram na sigla?” indagou Santiago.
Fazia tempo que eu não via um
texto tão ridículo, e acho que nem nos meus mais pessimistas devaneios eu
poderia imaginar uma tão grande futilidade erigida em bandeira de luta da
juventude. As bobagens acima seriam certamente consideradas pelos militantes
gays como caricaturas desonestas de conservadores homofóbicos, se não fossem a
mais cândida e sincera auto-expressão das novas gerações de eufóricos
continuadores do combate contra a natureza apregoado pelo movimento gay.
O meu temor é haver quem não
perceba o quanto tudo isso é humanamente degradante; quem defenda ser saudável
esta radical negação da natureza humana; quem acredite que o sexo é uma coisa
tão exógena ao ser humano que é possível simplesmente optar por ambos ou por
nenhum; quem ache que goza da mais perfeita sanidade mental um indivíduo
cujo sonho é um pênis que pudesse colocar e retirar. Contra estes eu talvez nem
saiba o que é possível dizer. Provavelmente só me levariam a abanar a cabeça,
desesperançado.
Apenas um último detalhe. Os
militantes gays gostam de bradar que o homossexualismo não é (mais) doença
segundo a Organização Mundial da Saúde. Aqui, resta-lhes a constrangedora
incumbência de explicar como é possível, então, que ele naturalmente degenere
nesta caterva de patologias sexuais e comportamentais, devidamente
catalogadas como distúrbios pela mesmíssima OMS que gostam de
evocar em seu favor. Será que vão dizer que nisso a OMS está errada – e irão
conviver com esta embaraçosa concessão seletiva de autoridade a este órgão? Ou
negarão sua afinidade com estes novos revolucionários sexuais – dando assim as
mãos aos “homofóbicos” para condenar esta militância dos que pretendem «superar
o binômio macho/fêmea»?
Para onde conduz a ideologia gay?
Para onde conduz a ideologia gay?
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